A beleza cura

Este é um post totalmente desnecessário. Não falarei sobre homeschooling, não darei nenhuma dica, não avisarei sobre nenhum evento importante… Mas decidi escrevê-lo mesmo assim, pois estou tão feliz, tão feliz, que precisava dividir minha alegria com vocês, para que ela se torne maior ainda.

Há pouco mais de três semanas estamos em nosso novo lar. Nossa casinha verde. Nossa toca do Hobbit. E eu acho que ainda não sou capaz de avaliar toda a extensão dos benefícios que estar aqui têm trazido a mim e à minha família…

A beleza desse lugar tem me curado de um modo muito profundo. A beleza tem me reconciliado, num certo sentido, com a criação, com os homens e com o próprio Deus. A tranquilidade, vez por outra interrompida por um veículo mais barulhento, tem apurado minha audição e renovado minhas energias de um modo que eu não sabia mais que era possível. Eu já havia me acostumado a estar cansada e irritada sem nem saber o motivo.

O espaço, embora pequeno na casa, fora, no pátio, é imenso. As crianças estão mais alegres, mais animadas, mais elas mesmas! É impressionante! Vejo-as como plantinhas que encontraram um bom solo, uma boa luz e o espaço necessário para crescer: elas estão desabrochando, crescendo, se fortalecendo! E nós também, ainda que de um jeito diferente.

Sabe, muitos de vocês, ao verem nossas fotos no facebook brincam, falam em ostentação, enquanto outros escrevem em privado perguntando como isso é possível, como fazer para sair de um grande centro e ir para um lugar de paz.

Eu sei que é brincadeira, que ninguém acha que nos tornamos vaidosos por estarmos aqui, e fala-se em ostentação simplesmente porque é uma palavra na moda das gírias. Mas, vejam, chegamos ao ponto de chamar algo belo, naturalmente belo, de ostentação, como se fosse um luxo, uma jóia ou um carro importado. Que ostentação há num lírio, numa hortência, num quero-quero, numa castanha? Penso que vê-los assim é prova clara de que acostumamo-nos às latinhas, ao lixo, ao mijo, ao grafite, ao concreto… E acostumar-se com a feiúra adoece, como eu estava doente.

Agora, quanto ao sair desse contexto doentio e ir para um local curativo… bem, é preciso, antes de mais nada, crer que há tantas maneiras possíveis de se viver quanto há pessoas sobre a terra. Acostumamo-nos a achar que o modo como vivemos é o único possível, mas não é. E pouco importarão os planos e a viabilidade ou não de cada um deles se, no fundo, não acharmos possível viver de uma maneira diferente.É difícil pensar
diferente. É difícil imaginar diferente. E é por isso mesmo que este
precisa ser o começo de tudo. Precisamos começar a imaginar e a pensar
diferente, desacostumando-nos da sujeira, do barulho, da doença, da
violência. O desconforto do desassossego nos fará buscar pela beleza,
pela tranquilidade, pela saúde e pela paz. Mas a primeira janela que
precisamos abrir é a do nosso coração, vislumbrando dentro de nós um
novo horizonte. Antes disso, ainda que se mude o contexto, tudo
permanecerá essencialmente igual.


Desejo,
de coração, que você possa encontrar algo belo ao seu redor, que essa
beleza o fortaleça e dê esperanças, e que, por fim, conduza-o ao Autor,
Consumador e Mantenedor de toda a beleza, nosso amado Deus.