Por ocasião da visita do Papa ao Brasil, o programa de debate de maior repercussão do Rio Grande do Sul, o Conversas Cruzadas, fez uma edição a este respeito. Dentre os participantes encontravam-se o escritor Percival Puggina e o professor Emil Sobbotka, além de dois padres.
Para quem acompanha os textos de Puggina, não surpreende que a melhor, mais profunda e mais correta defesa tanto da fé cristã quanto da Igreja Católica tenha sido por ele apresentada. Mas em um programa em que não faltaram desde os clichês da moda (como a necessidade de a Igreja “se modernizar”) até abobrinhas totalmente secundárias, Puggina foi inspirado ao conseguir, em tão pouco tempo, condensar muito sobre a genuína fé cristã em uma única imagem. 

Puggina comparou a fé cristã com uma bússula, a qual, como é de se esperar, aponta sempre para o Norte, pouco importando onde venhamos a estar. Já os desejos de “modernização” que o mundo tanto reivindica são como a biruta, que muda de direção ao sabor do vento, ora estando para um lado, ora para outro, aleatória e inconstante. Segundo Puggina, não devemos esperar que a bússula vire biruta, pois isso nunca aconteceu nem virá a acontecer.

No entanto, “concordando” com Puggina, Sobbotka foi além: Sim, a fé cristã é como uma bússula, no entanto, o modo que as pessoas usarão para chegar até o norte é algo que não pode ser “tutelado ou tutoriado” pela instituição Igreja, nem por nenhuma outra instituição. Ou seja, no fundo, no fundo, Sobbotka dilui e adoça o Evangelho por meio de um discurso que pode ser resumido no ditado popular “todos os caminhos levam a Deus”.

Agora, pensem comigo: quem, em sã consciência, desejando chegar ao norte, ruma para o sul? É claro, no caminho em direção ao norte podem surgir pântanos, desertos, abismos, obstáculos mil, que tornam os desvios necessários, mas sempre, sempre provisórios, nunca definitivos. Além disso, embora se possa decidir entre seguir ou não seguir rumo ao norte, não se pode tomar o norte por sul nem o sul por norte! Todavia é precisamente isso que a biruta de Sobbotka pretende!: agradando as sensibilidades contemporâneas, liberando-as de qualquer “tutela” (e, portanto, de qualquer critério objetivo), as entrega ao sabor dos ventos, de suas escolhas individuais, de seus desnorteios e desamparos.

Que possamos resistir ao canto da sereia que nos convida a reinventar a roda, a ignorar e desvalorizar a história, a relativizar a moral e a própria lógica, guiando nossas vidas e a de nossos filhos pelo caminho mais seguro e mais digno, rumo à eternidade junto de Deus.

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