Um dos sentimentos mais comuns entre pais e mães homeschoolers é a insegurança: “será que este é o melhor caminho/método/momento/professor/material didático?”. Sem dúvida trata-se de um sentimento perfeitamente normal, dadas as circunstâncias em que nos encontramos, seja enquanto indivíduos ou enquanto povo. No entanto, há um engano que pode ser suscitado pela própria insegurança e pelo respectivo desejo de livrar-se dela: a fantasia de que é possível alcançar um nível em que ela suma por completo da nossa vida e, no caso, da nossa prática enquanto homeschoolers.
Listo abaixo algumas considerações que acredito que sejam importantes a todos os que querem praticar uma boa educação domiciliar sem cair na tentadora fantasia da ausência total de insegurança:
- A primeira delas é o fato de que todos nós recebemos uma formação deficiente, mesmo aqueles que se especializaram na área educacional. E isso não é uma crítica aleatória contra o sistema. Não. Basta que sejamos sinceros e assumamos nossas próprias limitações e carências. Porém, se ainda assim isso não for o suficiente, basta que consideremos as posições que alcançamos nos rankings internacionais de educação. Assim, precisamos abandonar a idéia de que nossos títulos garantem alguma coisa de significativa quando decidimos assumir a responsabilidade pela educação dos nossos filhos.
- A
segunda é o fato de que não há nenhum material brasileiro (ao menos não
que eu conheça) que seja excelente, realmente muito, muito bom. Todos
ficam entre razoáveis e péssimos. Portanto, também precisamos abandonar a idéia de que encontraremos algo, ao menos até o tempo presente, que nos satisfaça completamente e sobre o qual podemos ficar inteiramente descansados, pois o material dará conta de tudo.
- A terceira coisa, e mais importante na minha opinião, é o fato de que não existe algo como “a educação perfeita”. Toda
educação é uma escolha, uma decisão por um determinado viés, por uma
determinada perspectiva. Assim, algumas coisas sempre serão mais
enfatizadas em detrimento de outras. Além disso, há um elemento
complicador inabarcável: a criança. Simplesmente não temos como prever
todas as repercussões que as nossas escolhas educacionais terão na
formação de nossos filhos. Em outras palavras, precisamos abandonar a
idéia de que, com o tempo, chega-se a um ponto de segurança total, de previsibilidade
total, de nenhuma chance de erro. As crianças, como pessoas que são,
também fazem suas escolhas e têm as suas características únicas, coisas
que muitas vezes nos escapam. E não poderia ser de outro modo, pois
tanto elas quanto nós, precisamos chegar a um ponto em que os
nossos limites sejam expostos e, por consequência, a nossa profunda necessidade de
Deus. Em resumo, precisamos mesmo buscar fazer o melhor, sempre pesquisando, sempre nos aprimorando e atualizando, todavia, quanto ao mais, convém nos entregarmos à providência divina, pois só ela tem todas as variáveis em suas mãos.