– Estou entendendo – disse Edmundo.
– Tirou-me aquela coisa horrível, como eu achava que tinha feito das outras vezes, e lá estava ela sobre a relva, muito mais dura e escura do que as outras. E ali estava eu também, macio e delicado como um frango depenado e muito menor do que antes. Nessa altura agarrou-me – não gostei muito, pois estava todo sensível sem a pele – e atirou-me dentro da água. A princípio ardeu muito, mas em seguida foi uma delícia. Quando comecei a nadar, reparei que a dor do braço havia desaparecido completamente. Compreendi a razão. Tinha voltado a ser gente. (…) Depois de certo tempo, o leão me tirou da água e vestiu-me.
– Como?… Com as patas?
– Não me lembro muito bem. Sei lá. Sei lá, mas me vestiu com uma roupa nova, esta aqui. É por isso que eu digo: acho que foi um sonho.
– Não, não foi sonho, não – disse Edmundo.
– Por quê?
– Primeiro: a roupa nova serve de prova. Segundo: você deixou de ser dragão… Acho que você viu Aslam.
– Aslam! – exclamou Eustáquio. – Já ouvi falar nesse nome uma porção de vezes, desde que estou no Peregrino. Tinha a impressão – não sei por quê – de que o odiava. Mas eu odiava tudo.”
Muito bonito você identificar que este trecho é de batismo e conversão! Adorei.