Na última segunda-feira retomamos oficialmente os estudos. Desta vez, após dois anos trabalhando Os Lusíadas com a Chloe, resolvemos deixá-lo de lado, adotando o Metamorfoses.

E por que deixamos Camões de lado? Primeiro, porque Chloe pediu. Nada contra o texto, nada contra o estilo, nada contra o autor, apenas uma necessidade tipicamente sanguínea de variar e conhecer algo diferente. E considerando que já tínhamos vencido boa parte do texto e das dificuldades por ele apresentadas, não vimos razão para não atender o seu pedido. Segundo, porque queríamos dar um passo além, aumentando a dificuldade das atividades, o que pareceu vir a calhar com a escolha de uma nova obra.

Nestes dois anos fomos até o Canto V, enfatizando fundamentalmente os níveis mais elementares do texto, isto é, a prosódia e a compreensão textual. Trocando em miúdos, lemos muito em voz alta, procurando a melhor pronúncia das palavras bem como o respeito às rimas, explicamos oralmente, copiamos, e fizemos muitas pesquisas junto aos dicionários de língua portuguesa e de mitologia. Eventualmente, quando os versos assim permitiam, fizemos também algumas pesquisas sobre história e geografia. Enfim, nada muito inovador, moderno ou diversificado. O resultado foi um espetacular incremento no vocabulário e uma maior facilidade para compreender textos poéticos e que possuem construções frasais incomuns, diferentes das que usamos ordinariamente.

Quanto às demais materias, vimos um pouco de latim, inglês, história, geografia, ciências, matemática e artes. No entanto, nosso foco é literatura, pois sem ela, sem o domínio da língua mãe em suas formas mais elaboradas, todo o resto não só é prejudicado como, em alguns casos, torna-se inviável.

Hoje encerramos a primeira semana de aulas na companhia das Metamorfoses e estou bastante satisfeita com os resultados até aqui obtidos. Uma das dificuldades acrescidas foi a elaboração de uma paráfrase do trecho estudado no dia. Chloe rapidamente percebeu que enquanto a explicação oral permite uma certa margem de imprecisão e até de incompreensão do texto, a paráfrase não o permite, pois exige uma compreensão completa, plena daquilo que foi lido. Em outras palavras, estamos, aos poucos transitando de uma etapa onde a absorção era o foco para uma etapa em que algo daquilo que foi absorvido precisa ser processado e exposto. E estamos contentes e confiantes. 🙂

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