Contei, dias atrás, lá no facebook, sobre o inesperado interesse da Chloe pela heráldica — a arte e ciência dos brasões. Na ocasião até publiquei a foto do brasão que ela fez após pesquisar a respeito, por conta própria, na Barsa (sim, ela mesma, aquela enciclopédia poeirenta que ficava na estante da casa da sua avó e que hoje em dia parece tão obsoleta, mas não é).
Instantes após a publicação do post, uma leitora lá do Espírito Santo entrou em contato comigo para contar-me a respeito do Museu Medieval de Gramado, o Castelo Saint George — vejam vocês a ironia: uma turista conhece melhor a região do que um morador das redondezas. Na mesma hora fiz uma busca e descobri a página do Castelo. Mostrei ao Gustavo e os apaixonamos imediatamente, combinando de irmos até lá nos dias seguintes, e, claro, sem contarmos nada às crianças para fazermos aquela surpresa.
Poucos dias depois, junto com uma família amiga, fomos até o Castelo. Apesar de pequeno — será ainda maior, pois continua sendo construído — há muita coisa para ver. As paredes são cobertas de chifres e cabeças de animais empalhados, brasões tradicionais feitos pelo próprio criador do Museu e imagens medievais pintadas em couro. Além disso, encontram-se expostas réplicas de armas famosas — há um expositor destinado ao filme Coração Valente (que nada tem a ver com a Dilma, graças a Deus) e outro destinado ao O Senhor dos Anéis. Prosseguindo, há elmos, luvas e armaduras medievais completas, tanto réplicas quanto originais — realmente assombrosas! — e muitas, muitas espadas, facas, mosquetes, canivetes, das mais variadas épocas e lugares do mundo. Por fim, o proprietário ainda oferece uma pesquisa gratuita ao sobrenome da família. Descobrimos que há oito variações do Abadie e que todas elas passaram pela França em algum momento, de modo que seria preciso saber de qual região veio a nossa variação para então descobrirmos o brasão oficial. Já sobre o Hochmüller, trata-se de um sobrenome resultante do casamento entre duas famílias germânicas, o Müller, porém, é mais ou menos como o Silva brasileiro, de modo que também precisaríamos rastrear a origem geográfica da família para podermos precisar-lhe o brasão.
Além do Museu propriamente dito, há ainda uma loja com souvenirs e fantasias para alugar. Não preciso falar nas idéias que tive para o Dia de Todos os Santos, né? 🙂
Ah, esqueci de mencionar: recentemente encerramos nossos estudos sobre a Idade Média e iniciaremos as pesquisas sobre a Idade Moderna. Acredito que esse tipo de passeio, assim como aquele que relatei sobre A Mina, ajudam a enraizar o conteúdo no coração e na memória das crianças de modo único, sendo assim, repito mais uma vez o incentivo que já fiz em outras ocasiões: explorem ao máximo os recursos da região em que vocês vivem, para que as histórias ganhem concretude e tornem-se conteúdos inesquecíveis para as crianças.
Deixo abaixo algumas fotos que fiz ao longo do passeio.