Antes do mais, é importante averiguar as razões alegadas pela criança para ir à escola. Na maioria das vezes o desejo está atrelado ao interesse em estar com outras crianças, em brincar com outros brinquedos, em fazer algo diferente… Enfim, na grande maioria das ocasiões, o que a criança quer não é a escola, mas as pessoas e/ou coisas que lá estão.
No entanto, e especialmente em se tratando de crianças sozinhas, que não têm irmãos, o desejo adquire um peso maior: a criança quer, com razão, alguém com quem brincar, alguém que esteja mais próximo do seu mundo que um adulto: a criança quer um igual. E é neste caso em que a maioria dos pais que desejam praticar o ensino doméstico com seus filhos descobrem-se em apuros.
Pensando neles, aqui vão alguns poucos pontos que podem (assim espero) ajudar na reflexão sobre tão importante decisão:
- Em primeiríssimo lugar: considerem a vinda de um(a) irmãozinho(a) (ou mais) para a família. Você e seu marido não irão durar para sempre, por isso dê ao seu filho a chance de ter alguém com quem compartilhar a história da família e as memórias gravadas ao longo dela; dê a ele alguém com quem contar! Acredite, um irmão é mesmo o melhor presente que os pais podem dar a um filho. Além disso, um segundo filho (terceiro, quarto…) costumam exigir menos gastos financeiros do que o primeiro (a inexperiência e o deslumbramento nos fazem gastar bem mais do que precisamos).
- Um ponto central a ser considerado é a idade da criança. Embora seja muitíssimo comum encontrar crianças de 6 ou 4 meses nas creches (e até menores!), isso não significa que tal procedimento seja o melhor ou mais adequado (sei que há muitas famílias que não têm a opção de não enviar os filhos para as creches e escolas, mas não é a estes casos que me refiro). Quando minha filha pediu-me para ir à escola, eu e meu marido estabelecemos o seguinte critério: apenas quando ela souber entender e contar aquilo que vê e lhe acontece. Assim, Chloe foi para escola apenas aos 4 anos de idade (o que é incrivelmente tarde para a maioria), pois a partir de então, caso algo de estranho ou ruim lhe acontecesse, ela teria as ferramentas mínimas para conseguir inteirar-nos da situação. Entregar um bebezinho e crianças pequenas, hoje em dia, aos cuidados de terceiros, não me parece nem um pouco seguro, por mais “normal” que pareça.
- Sim, a criança precisa ter contato com outras crianças. Mas “ter
contato” não é sinônimo de “ter qualquer contato”. Em outras palavras:
há muitos meios de convívio possíveis: praças, clubes esportivos,
artísticos, oficinas e igreja. Porém, como disse no tópico anterior, mesmo em tais casos, prefiro não “entregar” a terceiros o cuidado dos meus filhos, mas selecionar atividades das quais possamos, ou eu, ou meu marido, participar. Assim evitamos que nossos filhos fiquem vulneráveis a pessoas que, na verdade, não sabemos quem são. - O centro da saúde emocional da criança (e futuro adulto) depende muito mais da qualidade do convívio que ela tem com os pais do que com as demais pessoas. Assim sendo, antes de precisar “socializar-se”, a criança precisa “familiarizar-se”: ela precisa de amor materno e paterno para crescer segura e feliz, e não há substituto para isso. Não fosse assim, as crianças não nasceriam de um casal, não é mesmo?
- Por último, decida tudo em consenso com o seu cônjuge. Vocês dois são responsáveis pela criança, assim sendo, apesar dos seus pedidos, não “batam o martelo” sob pressão, mas somente quando e do modo que estiverem certos de estarem fazendo a coisa certa, goste ela ou não. Afinal, ela não sabe tudo o que está em jogo, mas você e seu marido sabem (ou deveriam procurar saber).
Meu filho começou a demonstrar um grande desejo de ir pra escola, logo após completar 4 anos. Acho que é por conta do irmão mais velho de 7, que chega contando casos e mais casos da escola.
Cristiane.
Nossa, esse conselho de não deixar a criança como filho único é valiosíssimo! Eu sou filha única e hoje digo, com absoluta convicção, que a melhor coisa que eu podia ter tido na vida era irmãos! Infelizmente meus pais não puderam me dar isso, então tive que me contentar com a amizade dos amiguinhos da escola, pois nem na minha vizinhança havia crianças. Pais, não pensem que é vantagem ter um filho único, com o pensamento de que ele será mellhor criado ou terá mais conforto etc. Nada substitui a formação dele enquanto ser humano, coisa que só é viável através de OUTROS seres humanos…ele sempre vai enjoar daquele brinquedo de última geração que ganhou, mas duvido que se canse de brincar com um irmãozinho ou um amiguinho do tamanho dele…