Aqui cabe uma observação importante: Acredito que um dos segredos do sucesso e, ao mesmo tempo, um dos maiores benefícios do homeschool é, considerando as experiências alheias, procurar adaptar à própria realidade aquilo que nelas há de bom e de edificante. Em outras palavras, acredito que a receita que dá certo para a sua família é a sua própria receita, que certamente não será de todo inédita, mas que respeitará os ritmos, as necessidades, os temperamentos, enfim, as peculiaridades de cada família. Mas, voltando ao assunto…
Talvez alguns de vocês não saibam, mas conforme relatei neste post aqui, já não sou eu quem dá as aulas aqui em casa; o professor é o Gustavo. Assim sendo, a rotina de estudos é estabelecida por ele. O momento das aulas é pela manhã, sem um horário rígido, mas entre o meio e o fim da manhã. Durante o período, somente Chloe e Benjamin têm aula, mas Nathaniel sempre dá um jeito de ficar ao redor, ao menos inicialmente. Chloe e Benjamin estudam juntos, em nossa mesa da sala, mas desenvolvem atividades distintas, cada qual de acordo com a idade. Gustavo divide a atenção entre eles, porém, quem normalmente precisa de mais supervisão é o Benjamin, que está sendo alfabetizado. Chloe já estuda praticamente sozinha.
Eu, de minha parte e durante o mesmo tempo, organizo algumas coisas da casa, confiro a internet (respondendo e-mails e mensagens e/ou postando algum conteúdo) e, por fim, sigo para o fogão para preparar o almoço. Já o Nathan, por sua vez, está aprontando alguma, mexendo nos livros, brincando com seus brinquedos ou tentando me “ajudar” na cozinha.
As aulas duram até a hora do almoço, que nem sempre (raramente, na verdade) é ao meio dia, mas quase sempre é perto da uma hora da tarde. Depois do almoço há um tempo livre, no qual cada um faz o que quiser. Antes, porém, de as crianças poderem ir brincar no pátio, Chloe faz suas atividades de memorização da Sagrada Escritura e do Compêndio do Catecismo. Feito isso, a tarde é livre. Esporadicamente Gustavo pede à Chloe que leia algum material que reforce o conteúdo das aulas de história, mas isso não é sempre. Às vezes ela também precisa escrever uma redação, mas também não é sempre.
Há quem pergunte se não é pouco o tempo de estudo que utilizamos, ao que respondo: você não sabe a diferença que existe entre tentar ensinar a uma turma de 30 crianças desconhecidas e tentar ensinar dois filhos seus. Simples assim. 🙂
Perguntaram-me a respeito de atividades para o Nathaniel, se as faço e quais seriam. Não faço nada. Nada mesmo. E por quê? Enquanto morávamos em Porto Alegre, vivendo num sistema de quase confinamento em um apartamento, procurava realizar com ele as atividades presentes no livro Slow and steady get me ready (compartilhei o livro neste post aqui). Agora, porém, que moramos em uma casa com um pátio enorme (obrigada Deus!) eu simplesmente deixo ele se divertir: ele corre, cai, rola, pula, escala, equilibra-se, deita, olha para o céu, persegue os passarinhos, joga pedras, colhe flores, enfim, faz todas aquelas coisas que em um apartamento sequer havia chance. E quando chove e não há como sair, invisto em livros (para ler), jornais e tesoura (para recortar), lápis e giz (para desenhar) e muita brincadeira livre, sem a minha intervenção (as “mais mais” do momento são os acampamentos, os berçários e as corridas de motoca – também conhecida como triciclo).
Em meio a tudo isso há a realização das atividades domésticas (nas quais cada um ajuda um pouco), conversas, passeios, visitas aos amigos e, eventualmente, um desenho animado ou filme ao cair da tarde.
Encerramos tudo à noite com recitação das passagens memorizadas pela Chloe, treino de memorização com o Benjamin, leitura em voz alta de algum bom livro (estamos terminando “As duas torres”, de Tolkien) feita por mim e orações. Enfim, nada demais, mas precisamente o que tem funcionado muito bem para nós.
Isso é maravilhoso, Camila.
Obrigado!
Maravilhoso, inspirador, revelador…