Uma amiga do facebook fez-me, a mim e ao prof. Carlos Nadalim, uma pergunta muito interessante, a qual decidi, com algumas adaptações, compartilhar aqui com vocês: Como criar uma criança virtuosa sabendo como e o quanto elogiá-la, sem torná-la vaidosa?

Minha amiga, ao ler a história de Santa Teresinha, deparou-se com o relato de uma ocasião em que seu pai sinalizou a uma terceira pessoa para que não a elogiasse. Por conta disso, Santa Teresinha afirma ter crescido sem importar-se com a admiração alheia, e tornando-se, assim, humilde. Que grande questão, não?

Penso que não exista receita pronta. Uma regra que valha para
todas as famílias e todas as crianças. É preciso levar em conta as
inclinações da criança e o tipo de elogio que lhe são feitos. Por
exemplo, se a criança é tí
mida,
mais introspectiva, um pouco insegura, penso que elogios só a ajudarão.
Mas elogios sinceros, nada de bajulação ou puxação de saco. Já se a
criança é bastante segura de si, extrovertida, falante, é bom pegar
leve. Não se trata de não elogiá-la, mas de perceber quando a ocasião em
que um elogio é realmente importante: numa situação nova, desafiadora,
em algo especialmente difícil ou que ela não deseja fazer… Mas,
novamente, elogios sinceros, sem bajulação. Enfim, é preciso saber dosar
considerando a criança e a ocasião.


Além disso, há o outro lado da
moeda: a crítica. A criança também precisa saber lidar com a
recriminação quando não faz o que é certo ou o que deveria ter feito.
Saber comunicar o peso do problema também ajuda a equilibrar as coisas
psiquicamente. Uma criança que só é elogiada e jamais repreendida ou
criticada muito provavelmente se tornará arrogante, vaidosa e
menosprezará os demais. Uma criança que é elogiada e repreendida ou
criticada nos momentos certos, ao que me parece, tenderá a dar uma
melhor medida para as coisas e para si mesma, sabendo que não é o centro
do universo nem a pior criatura do mundo, entende?


Não sei se ajudei ou se piorei as coisas com tanta explicação.

Resumindo:
penso que as crianças não devam ser tolhidas de ambas as coisas,
elogios e críticas, pois ambas fazem parte da vida e de nós mesmos. Mas é
preciso sabedoria para ver o que a criança precisa mais, quando e como.


Agora,
voltando ao caso de Sta. Teresinha… Veja, como ela era uma menina que
sabia ser profundamente amada pelos pais e, por isso mesmo, segura de
si, o gesto paterno não a magoou, não a fragilizou, mas, ao contrário, a
fortaleceu, pois aquele que era o principal responsável por nutri-la
emocionalmente, seu pai, havia cumprido bem o seu papel. Mas, imagine se
ele não tivesse cumprido bem o seu papel: ao vê-lo impedindo o gesto
de louvor de uma terceira pessoa, penso que Sta. Teresinha
provavelmente se sentiria diminuída ou lesada de algum modo.


No
fundo, no fundo, o que importa mesmo é a criança saber-se amada. Isso
fará toda a diferença no lidar com os elogios e com as críticas. Ela
precisa saber que o amor dos pais independe dos seus erros e acertos. Nada é mais importante, em se tratando de uma verdadeira educação infantil, do que imprimir uma marca profunda na alma da criança, uma marca que dê a ela a certeza invencível de que é muito, muito amada. Todo o restante depende disso. Esse amor é
algo que lhe devotamos pelo simples fato de existir, nada a mais.

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