Há muitos dias atrás uma leitora pediu-me que escrevesse a respeito do papel do pai na educação domiciliar. Comecei o texto antes do dia dos pais, mas, para variar, não consegui concluí-lo. Agora, porém, vivendo uma situação inédita, adquiri a compreensão de um aspecto da questão que ainda me faltava. E aproveitando que as crianças estão na cama, resolvi fazer uma forcinha extra e não deixar passar.

Primeiro, e antes de tudo o mais, penso que, nessa difícil caminhada do ensino em casa, ao pai deve caber a retaguarda, a proteção advinda da compreensão, da permissão e do comprometimento total com esse projeto educacional. Um pai confuso, inseguro ou contrariado a este respeito, ao ser inquirido sobre a educação de seus filhos, facilmente vacilará e exporá sua esposa e seus filhos à censura pública. É, portanto, fundamental que, mais do que o empenho da mãe, a educação domiciliar praticada em família seja plenamente aprovada e defendida pelo pai.


Segundo, penso que assim como o pai é importante na formação da criança, também o é neste aspecto específico da vida, a educação. Embora poucas famílias homeschoolers tenham o privilégio de poder contar tanto com a mãe quanto com o pai como professores no dia a dia dos estudos, é importante que o pai esteja, de certa forma, por dentro dos assuntos. Trata-se de uma segurança a mais, para a mãe e para as crianças, saber que o pai também sabe aquilo que eles estão trabalhando ao estudar. E não me refiro aqui às minúcias dos conteúdos abordados, mas a um interesse pelos assuntos. Todavia, se o pai também souber de fato aquilo que é estudado, tanto melhor, pois mãe e filhos ganham um interlocutor a mais: ela, para poder avaliar o seu próprio conhecimento e metodologia; eles, para poderem assimilar ainda de um outro modo o mesmo conteúdo.


Além disso, é de grande, imensa valia quando o pai se dispõe a pesquisar métodos, materiais, bibliografias, sites e blogs para auxiliar no incremendo ou complementar aquilo que já vem sendo utilizado. Aqui em casa, por exemplo, grandes achados – como o Teaching the trivium – foram feitos pelo Gustavo. Na verdade, nossa caminhada como homeschoolers começou com o Gustavo.


Por último – e este é o aspecto que me faltava viver e compreender -, creio que um dos gestos mais significativos que o pai homeschooler pode ter para com o bem-estar da sua família é simplesmente estar presente e procurar, na medida do possível, aliviar um pouco os ombros da esposa. Não, pessoal, o Gustavo não está deixando a desejar. Tampouco isso é uma indireta para ele. 🙂 Na verdade, pela primeira vez em quase 10 anos de casados, vejo-me há vários dias sozinha com as crianças e, por conta disso, pude perceber o quanto a simples presença dele é um alívio para mim: são uns poucos minutos a mais no banho, uma refeição sem pressa, um sono mais tranquilo, mais alguém para dar atenção e carinho às crianças, um café com leite e uma torrada, uma massagem, um abraço apertado, um afago ou até um colinho. Enfim, toda a atenção que ele me devota repercute positivamente sobre as crianças, fazendo com que a intensa tarefa de educar em casa se renove.


Sim, queridos leitores, ainda que o pai não “pegue no pesado” da rotina diária dos estudos, está ao alcance dele pequenos gestos de amor e refrigério que renovam as forças da mãe-professora. Pode parecer pouco, mas, cá entre nós, sejamos sinceras: isso faz toda a diferença do mundo, não é mesmo? 😉

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  1. Excelente texto, é isso mesmo. Eu percebi, a muito custo, que a função do pai é ser aquela figura de fundo, que não aparece muito mas que dá todo o contexto para o drama do dia-a-dia que se desenrola na casa e na educação dos filhos. A estrela da casa é a mãe, o pai é aquele que dá as condições para que toda a peça se desenvolva.

    Agora que estamos começando com a educação doméstica de nossos filhos vi que é importante que, quando possível, o pai ajude no cuidado com a casa porque a mãe sempre tem muitas coisas a fazer, deixar tudo preparado, à noite, para o próximo dia, alivia muito a rotina da mãe.

    Verdade conhecida verdade obedecida certo? Nem tanto, meus vícios são tantos e tão difíceis de abandonar que eu sempre trouxe muito prejuízo à vida familiar, mas com as dicas que pegamos de famílias como a sua e com a ajuda de Nosso Senhor, Nossa Senhora e dos santos vamos seguindo nesta gloriosa trilha do sacrifício do eu.

  2. Ah! Que lindo e Verdadeiro!
    A simples presença deles, de fato, renova nossas forças!
    A presença do Pai, a sua conversa, brincadeiras e carinho com as crianças e conosco faz a diferença!

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