Depois de termos esclarecido para nós mesmas quem queremos nos tornar e como queremos ser lembradas por nossos filhos, convém, antes de sairmos à caça de material didático, examinarmos o tipo de educação que pretendemos oferecer a eles. Queremos uma educação que prepare para o mercado de trabalho? Ou mais voltada para o mundo artístico? Uma educação que prepare para o vestibular e para a universidade?… No fundo, a questão pelo tipo de educação abarca uma questão bem mais profunda: qual é a finalidade da vida dos nossos filhos?

Todos queremos que nossos filhos sejam felizes. E muitos acreditam que essa seja a finalidade da vida humana. Mas queremos também que, além de serem felizes, tenham comida sobre a mesa. Além disso, é provavel que a maioria de nós quererá que tal felicidade e provisão sejam obtidos honestamente. Percebem como uma série de opções é descartada numa simples listagem desse tipo? É, eu sei. Parece piada, mas há quem pense que toda a busca por felicidade e sucesso financeiro seja justificada em si mesma, pouco importando o modo tal busca é executada.
Eu e meu marido cremos, particularmente, que a finalidade da vida de nossos filhos é conhecer a Deus, amá-Lo e alegrar-se Nele. E também cremos que isso não necessariamente tem a ver com uma vida religiosa em sentido estrito, uma vida de pastor, de missionário, etc. (ainda que, se for o caso, poderão seguir por tais caminhos com todo o nosso apoio), mas com uma vida onde a realização da vocação que eles receberam de Deus é o alvo. Nisso eles O conhecerão ainda mais profundamente, O amarão e se alegrarão Nele, pois realizarão aquilo para o que foram por Ele criados. E a decorrência disso será alegria (mesmo quando surgirem dificuldades) e pão na mesa (mesmo que, talvez, não em quantidades superabundantes). Assim, nosso trabalho tem sido buscar por uma educação que possibilite a descoberta de tais vocações e a capacitação para o exercício das mesmas, sejam elas quais forem.
Para a nossa imensa satisfação, chegou-nos, na quarta-feira, graças a um amoroso e generoso casal de amigos que moram nos EUA, um livro que há muito desejávamos: trata-se de um modelo de homeschool cristão chamado Teaching the Trivium – Christian Homeschooling in a Classical Style.

Para quem não sabe o que é o Trivium, aqui vai um “resumo resumido”: o Trivium era a primeira etapa da educação formal medieval. Ou seja, antes de as escolas virarem fábricas, a educação era feita nos moldes do Trivium. Mas o mais legal, na minha opinião, é que ao focar-se sobre as três artes do pensamento (a gramática, a lógica e a retórica), ele aprimora imensamente a própria capacidade cognoscitiva do aluno. Ou seja, além de transmitir conteúdos, o Trivium como que amplia e organiza a própria inteligência do indivíduo, melhor capacitando-o a lidar com suas próprias faculdades mentais bem como com qualquer área na qual ele queira especializar-se depois.

Aos que quiserem ouvir uma apresentação de verdade sobre o Trivium, aqui vai o melhor link sobre o assunto: uma palestra do falecido Prof. José Monir Nasser. Foi graças a essa palestra que tomei conhecimento do Trivium (sobre o qual jamais ouvira uma palavra sequer em 10 anos de filosofia na PUC) e que comecei a pensar no homeschooling de fato. Quem parar para assisti-la não perderá nem mesmo um minuto, mas investirá muitos em sua própria educação.

O diferencial do Teaching the Trivium é que o casal de autores utiliza-se do método para oferecer uma educação efetivamente cristã (primeiramente aos 5 filhos e depois a milhares de desejosos alunos por todo os EUA durante muitos anos), onde o foco é a formação do caráter de Cristo em pessoas que tornem-se, ao mesmo tempo, altamente preparadas para o mundo contemporâneo.

Ou seja, apesar de somente agora termos o livro de fato nas mãos, e, portanto, termos um caminho definido a percorrer, há tempos elucidamos o tipo de educação que queríamos para os nossos filhos. Mas isso, como disse inicialmente, só foi possível quando compreendemos qual é a finalidade de suas vidas.

Que vocês, mamães e papais, antes de saírem ansiosos atrás de materiais didáticos, possam parar e fazer essa mesma reflexão, pois assim conseguirão pensar a educação de suas crianças não simplesmente como um meio através do qual coisas serão obtidas, ou como um tipo de adestramento, mas pensarão a educação como uma parte constitutiva da vida de seus filhos, como um pedaço de suas almas, como um legado eterno.

Conforme as leituras no Teaching forem evoluindo, compartilharei com vocês as minhas impressões.

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