A entrevista abaixo foi concedida ao meu amigo Jarbas Aragão, do Gospel Prime, em novembro do ano passado, mas por algum motivo não foi publicada. Assim, tomei a liberdade de publicá-la aqui para vocês. 😉

Camila, o que é ser ativista cristão?

Eu
não sei, Jarbas. O meu trabalho com o blog, no facebook e, agora, na
rádio VOX, são decorrências da minha vida junto à minha família. Eu me
considero uma mulher cristã, uma esposa e uma mãe que compreendeu a sua
vocação e que procura vivê-la ao máximo e da melhor maneira possível,
pois é isso o que me faz feliz e que eu creio que Deus espera de mim. Se
escrevo ou falo defendendo o homeschooling, o direito à vida e os
valores tradicionais da cultura ocidental é porque amo e defendo aquilo
em que acredito. Não se trata de uma “causa”, mas de vida real e amor.
Todo o resto é consequência disso.


O que o cristão pode fazer além de compartilhar e curtir no face?
Olha, eu também não sei. O que eu fiz foi parar
de querer corresponder às expectativas alheias (e até às minhas
próprias) e buscar corresponder à expectativa de Deus. Relutei durante
muito tempo contra a ideia de ser mãe, esposa e dona-de-casa. Eu fugia
da minha circunstância, pois precisava “ser mais”, “fazer mais”,
“parecer e aparecer mais”. Quando compreendi que meus filhos, meu marido
e meu lar precisavam de mim AGORA e não daqui a vinte anos, parei tudo.
Eu percebi que jamais conseguiria chegar na velhice com uma
supercarreira e uma família aos frangalhos, com relacionamentos
superficiais, carências e culpa. Percebi, por outro lado, que
conseguiria chegar na velhice sem ter carreira alguma, sem atingir as
ambições que tinha estipulado para mim, mas com uma família unida,
amorosa, madura e bem resolvida. Foi uma escolha. E essa escolha mudou
tudo, e para melhor.

Parece-me que quando compreendemos o chamado de Deus para as
nossas vidas, a nossa verdadeira vocação, então ser sal da terra e luz
do mundo torna-se algo natural. Não é questão de tornar-se uma outra
pessoa ou de viver em um outro contexto. Não. É tornar-se precisamente
quem se é e no tempo presente, não importa onde. E não há como ser sal e
luz sem negar-se de verdade, abraçar a própria cruz e seguir a Jesus.
Acredito que sem fazermos isso dia após dia, tudo se resumirá à
futilidade de um “like” ou de um “share”, a uma aparência no mundo
virtual.


Qual a importância da radio web?

A rádio que os
meninos criaram é um verdadeiro oásis nesse deserto de mesmice,
estupidificação e desinformação que se tornou o Brasil. É uma iniciativa
livre, sem patrocínios, sem financiamentos, onde cada um contribui com o
que sabe, compartilhando conhecimento de verdade. As pessoas que
apresentam os programas são estudiosos de fato. Gente que pagou o preço,
nesse nosso país, de ser tachado de esquisito, antiquado ou reacionário
para saber alguma coisa de verdade, indo às fontes primárias nos
assuntos de seu interesse. É uma rádio única no Brasil. Não há coisa
semelhante por aqui. E, para mim, é uma honra ter sido convidada para
apresentar um programa sobre homeschooling. É uma forma impressionante
de dividir aquilo que se vive com um sem número de pessoas. É um
presente poder contribuir.


Não seria perda de tempo já que a Bíblia diz que tudo vai piorar?

Sabe, esse tipo de mentalidade me lembra a parábola do servo
iníquo (aquele que escondeu o talento com medo do seu senhor, em lugar
de multiplicá-lo) ou a parábola das virgens loucas (que não tinham óleo
na candeia para esperarem a chegada do noivo). É um lavar de mãos ao
pior estilo Pôncio Pilatos. Pura irresponsabilidade.


Não importa se tudo vai piorar. Deus não me colocou nesse
mundo para fazê-lo piorar ou ficar admirando a paisagem e dizendo
“maranata”. Importa é o que eu faço com essa vida que me foi dada e que é
a única que eu tenho! Não é minha responsabilidade gerir os rumos da
humanidade (graças a Deus!) mas simplesmente fazer o humilde trabalho de
amar minha família. E se eu não fizer isso, essa coisinha pequena,
íntima e bonita, quem o fará? Eu quero fazê-la, essa é a minha
responsabilidade e é sobre ela que prestarei contas. O resto é com Deus,
não comigo, entende?

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