Querida amiga,
Muito,
muito obrigada pela lembrança, pelo carinho de sempre! Não respondi
antes por saber da tua correria e por não querer escrever uma
respostinha rápida, apressada pelas crianças ou pelas demandas da casa.
Assim, hoje, com a bendita greve (bendita porque o Gustavo está em casa
com a gente), posso sentar e escrever com calma.
Querida, louvado seja Deus, pela vidinha que tens aí dentro!
Imagino que já tenhas agora a confirmação oficial! Eu vinha orando por
isso e fico feliz que Deus tenha respondido em tão pouco tempo o desejo
de tantos corações!
Amiga, sei que às vezes, em meio às agitações e transtornos do
dia-a-dia, nos frustramos com as coisas e conosco. Mas veja: queres
situação mais “contramão” do que a gravidez de Maria e o nascimento de
Jesus?: um José que autorizaria o apedrejamento da noiva se não houvesse
intervenção angelical, uma pobre garota que teve de entregar-se totalmente à
direção divina, um menino nascendo no meio de uma viagem, longe de casa,
sem enxoval, sem parteira, no meio dos bichos e das palhas. E, no
entanto, a esperança da humanidade inteira estava ali! Todo o favor de
Deus estava enrolado em paninhos!
Claro, sei que não és Maria e que o teu bebê não é Jesus, mas se o
Mestre padeceu, por que nós, discípulos, menores que Ele, não haveríamos
de padecer também? Claro, nem todos os cristãos passam pelo que alguns
de nós passamos, mas Deus não está no controle de tudo e não é tudo para
o nosso bem e para a glória Dele?
Querida, o bebezinho que tens aí é desejado e planejado
por Deus desde antes do teu próprio nascimento, desde a eternidade!
Trata-se de uma alminha imortal nascida do coração de Nosso Senhor à
qual foi acrescida a carne e o sangue teus e de teu marido! Alguém único,
incomparável e com uma missão exclusiva, com valor eterno!
Às vezes idealizamos as coisas, imaginamos como seria melhor se tudo
fosse assim ou assado, sofremos pressão de uma cultura que a tudo
artificializa, como se nós, humanos, fôssemos senhores de todas as
circunstâncias… Mas não devemos nos frustrar assim, por causa de coisas
que temos em nossa cabeça e que não estão em nosso controle. Eu me
frustrei muito enquanto me comparei às imagens de mães ao estilo hollywoodiano:
aquela criatura cândida que é só sorrisos e conversas com a própria
barriga. Acho lindo, mas não sou assim. Sou uma mulher que, sabe-se lá
por qual razão, vira uma onça na gravidez e que não bate-papo com o
próprio umbigo. E isso não quer dizer que não me desmanche de amor pelos
meus, inclusive pelo atleta Nathaniel (que me chuta mais que um
centro-avante). Sou capaz de dar a minha vida com um sorriso pela vida
deles, seja numa situação (hipotética) de morte literal, seja nas
situações (reais) de pequenas mortes para o próprio ego no dia-a-dia.
Então não me sinto mais culpada ou frustrada com o que não tenho, com o
que não sou, com o que não posso, mas louvo a Deus pelo MI-LA-GRE que é a
minha família (e tu o sabes bem) e com o que Ele tem me dado a chance
de fazer e de vir a ser.
Perdoa-me se fui dura, mas não posso deixar-te perder esse
momento precioso da tua vida e de tua família. Dê um passo de cada vez,
confiante no amor de Jesus, e diga como Maria, nosso modelo de mãe:
“Faça-se em mim a Tua vontade, Senhor”. O resultado certamente será bom,
perfeito e agradável!
Te amo, minha amiga! Queria poder te abraçar apertado!
Que
a bênção de Deus esteja sobre ti e seja, neste período, especialmente
percebida, e que os anjos de Nosso Senhor te protejam em todo o tempo!