Mas quando falamos em educação domiciliar, não falamos meramente de conteúdos, como se a sala de aula fosse transferida para a sala de casa, mas falamos principalmente de exemplos. O fato de as crianças não mais saírem de casa para ir à escola e já não estarem sob a autoridade de um terceiro para o aprendizado de determinados conteúdos faz com que o tempo de convívio em casa ganhe novos contornos e significados. Passa-se a compreender mais profundamente a importância da coerência para o exercício da autoridade, para a manutenção da hierarquia familiar e, consequentemente, para o sucesso nos estudos: aquela criança que é cobrada sobre determinado comportamento é a mesma que verá se os próprios pais comportam-se ou não de acordo com aquilo que estabelecem como padrão para ela; casos de pais ao estilo “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” inevitavelmente minam sua própria autoridade, subvertem a estrutura familiar e comprometem o aprendizado de seus filhos. E este é, segundo me parece, um dos maiores perigos contra uma educação domiciliar bem sucedida.
- Você quer que seu filho goste de ler? Então leia. Leia com ele, leia para ele, mas, especialmente, leia sozinho, por si e para si. Diversifique os assuntos e os estilos disponíveis. Leiam ambos, pai e mãe;
- Você quer que seu filho seja organizado? Então organize-se. Mostre para ele como organizar-se. Repita as explicações até que ele as internalize. Persista, consigo e com ele. Organizem-se ambos, pai e mãe;
- Você quer que seu filho seja disciplinado? Então discipline-se. Tenha domínio próprio. Mostre como você não se entrega a todas as suas vontades. Ajude-o a fazer o mesmo. Diga ‘não’. Mantenha a palavra. Disciplinem-se ambos, pai e mãe.
- Você quer que seu filho seja perseverante? Então persevere. Insista. Não reclame. Não desista. Não postergue. Ajude-o a perseverar, a não reclamar, a não desistir, a não deixar para depois. Perseverem ambos, pai e mãe;
- Você quer que seu filho seja respeitador? Então demonstre respeito. Seja gentil, amável, cortês. Elogie seu filho quando ele for respeitador e corrija-o quando não o for. Respeitem-se mutuamente, pai e mãe.
- Você quer que seu filho coopere? Então coopere. Esforce-se por delegar e realizar fielmente as atividades da casa e da família. Mostre como quando alguém não faz a sua parte, uma outra pessoa ficará sobrecarregada. Cooperem entre si, pai e mãe;
- Você quer que seu filho seja santo, piedoso? Então santifique-se. Ore com ele, ore por ele, mas, especialmente, ore sozinho. Estabeleçam momentos de devoção familiar, além da frequência à igreja. Santifiquem-se ambos, pai e mãe.