Sinceramente, em nossa situação específica e a curto prazo, não vejo saída. Enquanto os Bluedorn anteciparam-se a um problema, nós chegamos tarde. O que temos é a esquerda digladiando-se contra a própria esquerda em busca de mais poder, rumo à instauração de um regime totalitário a pedido do “povo”, ainda que as palavras de ordem e os “direitos” reivindicados soem benéficos. É a concretização do golpe à moda gramisciana, sem terrorismo, sem bombas, sem sangue derramado, onde a revolução parte do coração das massas manipuladas. Posso estar engana, e tomara mesmo que esteja, mas não vejo como as circunstâncias possam melhorar, pois não há uma liderança alternativa às opções que aí estão. E também isso, ao que me parece, é resultado do longo e paciente trabalho subversivo esquerdista.
Porém, a longo prazo, a situação não precisa nem pode continuar idêntica. Assim como os esquerdistas entregaram-se perseverantes ao trabalho de implodir o país atacando-o, durante décadas, por diversas frentes, dentre as quais a educação figura como uma das principais, nós também, pais e mães cristãos precisamos nos entregar ao trabalho de preparar uma nova geração de fato, não simplesmente na esperança de salvarmos o futuro do Brasil, mas no dever de criarmos nossas crianças para a glória de Deus, não para a vergonha de Seu nome. Claro, isso envolve homeschooling ou, no mínimo, intenso acompanhamento paralelo. Mas sobre todas as coisas, a mais importante não diz respeito a meros conteúdos, mas à postura da família: esta deve compreender que suas crianças não são responsabilidade do governo, mas SUA responsabilidade; elas são presentes de Deus PARA OS PAIS, não para os professores, de modo que os primeiros é que prestarão contas a Deus, não os segundos; e a única coisa que pode mantê-la firme contra o roubo e a confusão esquerdistas é a manutenção e o fortalecimento dos vínculos de AMOR e de FÉ, nada mais. É sobre estes fundamentos que o planejamento curricular da família poderá ganhar força e prosperar, seguindo na direção oposta à que nos oferece o governo, para pleno desenvolvimento de nossas crianças, para um futuro melhor ao nosso país e para a glória de Deus. E o Trivium, parece-me, é a ferramenta mais adequada para a realização dessa tarefa.
Que Deus possa iluminar nossos corações para que compreendamos a seriedade do que está em jogo e nos dê sabedoria e ousadia para buscarmos agradá-Lo vivendo uma vida familiar segundo a Sua vontade, não segundo nos aconselha o mundo.
Minhas leituras e as “manifestações pacíficas”
Desde que recebemos o Trivium, não consegui parar de lê-lo. Claro, naquele meu horário pré-coma noturno, mas, ainda assim, e apesar de não ser fluente em inglês, tenho avançado com certa facilidade todos os dias. Diante disso, o Maquiavel (I e II) foi ficando em segundo plano, o que não é difícil se considerarmos o tipo de conteúdo da obra e, além disso, o meu péssimo hábito de pular de um livro para o outro. De todo modo, conforme prossigo no Trivium, não consigo deixar de vê-lo como uma espécie de contraponto ao Maquiavel. Eu sei, parece estranho, mas enquanto este último é como que uma amostra de veneno mortal, com ampla descrição dos componentes da fórmula e seus respectivos sintomas, aquele é como que o remédio, a cura para este e para ainda outros venenos. Assim, o contraste entre as obras tem me ajudado a compreender mais intensamente diversos pontos em questão.
“E as ‘manifestações pacíficas’, o que elas podem ter a ver com os dois livros?” Tudo. Vejam só: vocês observaram a faixa etária predominante entre os participantes? Trata-se, é inegável, de uma maioria de jovens e adultos entre 15 e 30 anos. É gente mais nova que eu e que você, talvez. Agora, afastemo-nos um pouco no tempo a fim de recapitularmos alguns elementos do nosso período escolar, especialmente se você, assim como eu, frequentou escolas públicas. Você consegue lembrar-se do tipo de posicionamento ideológico dos seus professores de história/sociologia/filosofia? Os meus eram todos, sem exceção, esquerdistas. E como prova basta rememorar alguns lugares-comuns da doutrinação em sala de aula: a Idade Média foi uma época de trevas dominada por fanáticos católicos, “a religião é o ópio do povo”, os EUA são os vilões do Ocidente, os militares deram um golpe em 64 e acabaram com a liberdade do povo, Cuba é muito legal e só há pobreza por culpa do embargo norte-americano, o comunismo é “do bem” e só deu errado por detalhe, etc.
Na verdade, se retrocedermos mais um pouco, veremos que a doutrinação em sala de aula não começou na minha geração, mas, antes, provavelmente na mesma época do contra-golpe militar de 64 (sim, pois foi isso o que ocorreu), quando os militares restringiram sua esfera de ação à inibição das ações armadas dos grupos terroristas, não zelando pelo campo teórico, deixando aberto o caminho para uma revolução marxista ao estilo gramsciano, isto é, por meio da cultura, não das armas. De lá para cá, geração após geração, o pensamento esquerdista tem ganhado cada vez mais espaço e cada vez mais adeptos, estabelecendo uma homogenia política e ideológica quase completa. Assim, não é de admirar que, embora há quem afirme a presença de “conservadores” nas manifestações, os mares de pessoas presentes nas capitais são compostos por esquerdistas, pouco importando se extremados ou “festivos”.
Ou seja, a “rapaziada politizada e engajada” que quer mudar o mundo, que tem um número infinito de causas a defender e que quebra tudo de qualquer maneira passou por um processo ainda mais acentuado de manipulação psicológica e de modificação comportamental do que nós, eu e você, passamos. Com isso não os estou justificando, mas apenas tentando explicar os fatos. E é assim podemos ver como Maquiavel Pedagogo tem tudo a ver com as “manifestações pacíficas”.
Agora, talvez você, mãe cristã, esteja sob a pressão de “o que fazer, afinal?”. Alguns insinuam chamar-lhe de covarde por não participar dos eventos, outros, de acomodada, afinal, “fazer alguma coisa é melhor que não fazer nada, pois a hora é agora e o gigante acordou”: eis o discurso de muitos, inclusive cristãos. E é aqui, como resposta às pressões externas (e talvez internas também) que se encaixa o Trivium. Há mais de duas décadas o casal Bluedorn, autores do Teaching the Trivium, perceberam o avanço da ideologia esquerdista nas escolas do EUA e, embora este não tenha sido o motivo essencial para que optassem pelo homeschooling, por compreenderem o total antagonismo desta com a fé cristã, encontraram aí mais uma razão para afastar suas crianças das escolas, fossem elas públicas ou privadas.
Trivium e Rebelião das Massas, do Ortega y Gasset, são bons companheiros de jornada durante os protestos.
Como estão as suas leituras do Trivium? Encomendei o meu livro na AMAZON – só chegará em meados de agosto do corrente ano -, e gostaria de saber se você não voltará a leitura do livro? Não tenho filhos ainda, mas quero ajudar na educação dos meus sobrinhos – 3, Júlia, Vitor e Luana. Enfim, quero trocar impressões com você. Ah!, se possível, adicione-me no Facebook – Sidney Vida. Um abraço e até mais,
Oi, Sidney.
Eu não parei com a leitura do Trivium, apenas não escrevi mais a respeito… Planejo um post para breve com um apanhado das dicas que os autores sugerem para o estudo de línguas.
Atualmente estou na parte que aborda a questão da lógica.
E continuo achando que o livro é realmente muito bom.
Um abraço!
Bacana! Fico ansiosamente no aguardo do seu post. Tenho muito interesse nos assuntos ligados ao Trivium. De toda forma, poderei aproveitar mais as suas impressões quando começar a lê-lo, também. Um abraço e até mais