Já que o último post deu o que falar, resolvi compartilhar com vocês um post antigo, de um já falecido blog que tive, onde conto como foi a nossa experiência com e, alguns dias depois, já sem a TV. A ideia aqui não é servir de regra, mas apenas de testemunho de como uma família pode, mesmo com duas crianças, mesmo num apartamento pequeno, passar um excelente ano sem a companhia da televisão. De lá para cá as coisas mudaram bastante: os livros, por exemplo, tornaram-se protagonistas, tanto no estudo quanto na diversão dos pequenos. Ou seja, as coisas só melhoraram.
Há exatos doze dias nos desfizemos de nossa televisão e eu já me arrependo… de não tê-lo feito antes.
Já há algum tempo essa era uma questão que me vinha inquietando. Não por
mim, que não assistia coisa alguma, mas especificamente pelas crianças,
que assistiam exclusivamente o Discovery Kids. Chloe já preferia, na
maioria da vezes, assistir os desenhos do que procurar por algo para
brincar e Benjamin chorava quando desligávamos o aparelho. Além disso, a
enxurrada de propagandas de produtos que nada têm a ver com o universo
infantil, como carros, viagens, produtos de beleza – sem falar nas
campanhas à la Greenpeace – eram de um oportunismo nauseante.
Por outro lado, apesar do incômodo e da preocupação que a situação vinha
gerando em meu coração, não queria colocar-me na posição de polícia da
família, cortando uma diversão que também meu marido eventualmente
gostava de usufruir, assistindo aos noticiários e às séries. Assim,
antes de fazer qualquer coisa, resolvi orar a respeito, pedindo para que
Deus fizesse a Sua vontade, convencendo, sem a minha influência, ao
Gustavo sobre a necessidade de nos desfazermos da TV, se fosse este o
caso.
Passadas duas semanas, estávamos todos na sala, conversando, quando, na
iminência de um desenho ruim, desliguei a televisão. Neste mesmo
instante, Benjamin, como dizemos por aqui, abriu o berreiro, chorando e
tentando de todas as formas possíveis ligar novamente o aparelho. Foi
então que ohei para Gustavo e disse:
– Esse guri tá viciado em TV.
Ao que ele me respondeu:
– O que tu acha de nós darmos essa TV para outra pessoa?
Ali estava a resposta às minhas orações. Sorri e concordei, contando
então sobre meu pedido a Deus. No dia seguinte a TV foi embora e nossa
rotina foi grandemente modificada.
É claro que nosso tempo “livre” diminuiu muito – cá estou eu, pela
terceira vez num intervalo de quatro dias, tentando concluir este post
-, pois as crianças já não têm algo que prenda tanto a sua atenção. É
claro que temos interagido muito mais, conversado muito mais, brincado
muito mais, pesquisado muito mais e trabalhado muito mais juntos. Por
conta disso, eu e Gustavo temos tido que estudar mais para termos mais
recursos com os quais conduzi-las de uma maneira construtiva e divertida
ao longo do tempo.
Algumas das coisas que temos feito com mais frequência ou intensidade do
que antes são: conversar, brincar, “fazer nada” juntos, realizar alguma
tarefa da casa – arrumar os brinquedos, os livros, secar a louça, levar
as roupas limpas do varal para o quarto -, ler juntos – a série “A
lenda dos guardiões” e a Bíblia todas as noites. Seguimos fazendo
diariamente as tarefas da escola, mas acrescentamos algumas atividades
de homeschooling de alfabetização e também exercícios de caligrafia. As
novidades, no entanto, têm sido duas:
1. O “lap book”: uma espécie de livro de atividades variadas a respeito
de um mesmo assunto. Temos trabalhado o tema “corujas”, que são a febre
do momento aqui em casa. No entanto, nem todo o dia consigo preparar
alguma atividade para o lap book, mas, por incrível que pareça, Chloe
está tão empolgada com a novidade que ela mesma procura elaborar alguma
atividade;
2. A flauta doce: encontramos uma série contínua de bons tutoriais no
youtube, preparados para crianças e educadores de crianças. Esta é uma
atividade que o Gustavo realiza com a Chloe e os resultados têm sido
muito bons! Apesar da impaciência quanto à falta de domínio do
instrumento, Chloe mal termina de almoçar e corre, invariavelmente, para
a flauta. Durante breves e muitos instantes ao longo do dia ela
pratica, sendo que as aulas avançam somente quando uma familiaridade
mínima com a nova etapa do aprendizado é adquirida.
Enfim, estamos mais cansados, mas, curiosamente, mais inteiros e mais
unidos. Temos procurado fazer, com o auxílio e dependência de Deus,
aquilo que temos convicção de que gerará bons frutos no caráter e no
futuro dos nossos filhos.